Italianos, franceses e britânicos entre os que mais contam na subida da imigração
O número de estrangeiros a viver em Portugal aumentou, mas muito à conta dos cidadãos comunitários. Só a comunidade italiana registou uma subida de 51,7%.
Os cidadãos italianos a viver em Portugal passaram de 8523 (2016) para 12 927 (2017), mais 4407. Entraram quase tantos franceses, 4012 (de 11 293 para 15 319) e 3047 cidadãos do Reino Unido (de 19 384 para 22 431).
O geógrafo Jorge Malheiros explica que a imigração tem vindo a diversificar-se, não só em termos de nacionalidades como das causas que a motivam. "No caso dos italianos, um dos aspetos mais interessantes tem a ver com os jovens que não encontram trabalho em Itália e, aqui, a proximidade linguística e cultural é importante. O mercado laboral em Itália está muito complicado para os jovens, é mais fácil em Portugal e desde que as pessoas aceitem a precariedade. Encontramos em alguns sítios pequenos clusters italianos, por exemplo na investigação. E também me parece que houve aqui o efeito rede, que ajudou a que o número de italianos aumentasse nos últimos anos."
Italianos, franceses e britânicos são as nacionalidades comunitárias que mais cresceram e mais contribuíram para o aumento do número de residentes da UE no país, mais 15,8% comparativamente ao ano anterior.
Veio gente de toda a zona comunitária. O número de suecos aumentou 35,4 % (são agora 3564), os irlandeses 29,7 % (1337), os belgas 23 % (3508), os polacos 20,4 % (1898), os finlandeses 16,5% (1153), os holandeses 14,6 % (7837) e os espanhóis 12,5 % (12 526).
O especialista em migrações sublinha que a entrada de cidadãos da UE - e estamos a falar sobretudo dos oriundos dos países anteriores ao alargamento de 2004 - sempre se verificou, mesmo durante a crise económica, só que nos últimos anos houve um aumento significativo. Tem várias razões para o explicar: estudos, emprego, estilo de vida, a boa imagem conquistada por Portugal.
"Há uma componente de estudantes do ensino superior e de investigadores oriundos de países onde a compreensão do português é mais fácil, de Itália e Espanha mas também França, neste último caso devido às origens familiares. É uma componente menor mas é a primeira componente", começa por enumerar Jorge Malheiros.
Existe, depois, "uma componente de profissionais qualificados para empresas europeias ou para se estabelecerem por conta própria, o que se deve aos benefícios fiscais, mas também à imagem do país (tranquilo, em crescimento e com boas ligações à Europa".
Os reformados europeus continuam a entrar. "Este grupo junta os benefícios fiscais ao clima e alimentação, bons serviços, o preço da habitação que até há dois anos era barata e, mesmo hoje, ainda custa menos do que em Paris ou Londres."
A quarta componente "é composta por estrangeiros mais qualificados que vêm para serviços menos qualificados, sendo o melhor exemplo os call centers . As empresas instalam-se em Portugal, com serviços que servem particularmente o mercado espanhol, italiano, holandês e português, recorrendo a essas imigrantes". E, há, também, os alternativos, "os imigrantes do estilo de vida, que se instalam em zonas rurais, tranquilas, em áreas do Alentejo ou da Beira Interior"-
É toda uma variedade de motivações e que leva a que os países europeus estejam entre as principais nacionalidades estrangeiras a viver em Portugal. "A entrada da França e da Itália na estrutura das dez nacionalidades mais representativas parece confirmar o particular impacto nos cidadãos estrangeiros oriundos dos países da União Europeia dos fatores de atratividade já apontados em anos anteriores, como a perceção de Portugal como país seguro, bem como as vantagens fiscais decorrentes do regime para o residente não habitual", refere o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA).
Reformados franceses
Os técnicos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que elaboraram o RIFA analisaram a situação dos imigrantes italianos e franceses, concluindo que embora tenham as mesmas semelhanças no nível de escolaridade, que é elevado (51% dos italianos e 45% dos franceses têm nível superior), têm uma situação profissional diferente: "Os reformados representam mais de um terço dos franceses mas apenas cerca de um quinto dos italianos." Além de que "17% dos cidadãos de nacionalidade italiana são naturais do Brasil, facto que poderá ser explicado pela concessão da nacionalidade naquele país (jus sanguinis), não impondo limite de gerações e a sua relação com a significativa comunidade descendente de italianos no Brasil".
No ano passado entraram mais italianos do que brasileiros. Entraram 4175 brasileiros (mais 5,8%), situando-se, agora, nos 85 426, a principal comunidade estrangeira em Portugal. Segue-se Cabo Verde (34 986), Ucrânia (32 453), Roménia (30 750) e China (23 197) na lista das cinco principais nacionalidades estrangeiras.
A Europa entra, assim, como a principal fonte de estrangeiros no país, seguindo-se a Ásia, continente que regista uma subida de 9,8%. As comunidades que mais contribuíram para esse crescimento foram os cidadãos do Nepal, mais 27,5% (são 7437), do Bangladesh, mais 23,3% (3450), do Paquistão (3380), mais 20,9%, e da Tailândia, mais 14,6% (1691).
"A Ásia vem a aumentar há algum tempo, durante muito tempo eram chineses, agora são nepaleses, tailandeses, paquistaneses e do Bangladesh. Há também um efeito de rede e, para além do perfil ligado ao comércio, alguns estão ligados à agricultura intensiva de mercado", explica Jorge Malheiros.
O continente americano subiu 5,8%, situando-se em terceiro lugar. Em número, são os brasileiros que ganham, mas em proporção quem cresceu mais foram os venezuelanos. Entraram 748 cidadãos da Venezuela no ano passado, o que representa uma subida de 31,7%, totalizando 3194.
Fonte: www.dn.pt
Emprego em Portugal 2019: vagas para brasileiros
Descubra como conseguir trabalho em Portugal e veja sites que reúnem anúncios de emprego.
Em busca de qualidade de vida e segurança, muitos brasileiros procuram emprego em Portugal 2019. Há vagas disponíveis, tanto em Lisboa como nas cidades do interior. O fato do idioma ser o mesmo e as semelhanças culturais tornam o pequeno país um lugar muito atrativo para quem já perdeu a esperança no Brasil e sonha com uma vida melhor.
De acordo com dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), os brasileiros correspondem a maior comunidade estrangeira em Portugal. Eles representam 20,3% do total de 421.711 imigrantes que vivem no país. Portanto, há pouco mais de 85 mil cidadãos brasileiros legalizados. Esse número, por sua vez, não considera quem possui cidadania portuguesa ou nacionalidade de outro país da Europa.
Onde encontrar trabalho em Portugal 2019?
As vagas de emprego em Portugal 2019 para brasileiros são na maioria das vezes, para funções que não exigem ensino superior, como para os cargos de atendente, segurança, garçonete, recepcionista, auxiliar de limpeza e auxiliar de cozinha. Todos esses cargos contam com remuneração mensal de um salário mínimo português, que corresponde a €580.
Já para os cargos que necessitam de ensino superior completo, os salários ultrapassam o valor de €1000,00. A oferta de vagas para esses profissionais é bem menor, visto que Portugal já dispõe de muitos nativos com terceiro grau completo. No entanto, o país tem pouca mão de obra para a área de Tecnologia da Informação, sendo uma ótima oportunidade para brasileiros formados em cursos relacionados à área conquistarem uma oportunidade de emprego.
Fonte: Via Carreira
Jovem do Mali passa de imigrante ilegal sem futuro a herói da França
Mamadou Gassama é um imigrante que atravessou o Mediterrâneo numa balsa. Hoje teve o agradecimento pessoal do Presidente Macron, passou a ser cidadão francês e conquistou um emprego.
Com apenas 22 anos este jovem não hesitou em arriscar a própria vida para salvar uma criança em risco de queda num prédio alto.
Portugal lança linha de crédito de 100 milhões para empresas do Interior
O primeiro-ministro afirmou que o Governo vai lançar uma linha de crédito de 100 milhões de euros destinada exclusivamente a pequenas e microempresas empresas situadas no interior, a par da reprogramação do Portugal 20/20.
Estas medidas foram transmitidas por António Costa na abertura do debate quinzenal, na Assembleia da República, num discurso em que reiterou a intenção que anunciou na sexta-feira no sentido de rever o quadro fiscal das empresas que se instalem no interior, reduzindo-lhes substancialmente o IRC.
“Iremos rever o quadro fiscal aplicável, reforçando a discriminação positiva do interior. Entre outras medidas, tencionamos que as empresas dos territórios de mais baixa densidade populacional possam beneficiar de reduções substanciais do IRC, podendo chegar até uma coleta zero, em função do número de postos de trabalho”, disse.
Perante os deputados, o líder do executivo procurou também assegurar “o compromisso de apostar na atração de investimento criador de emprego”, visando desta forma “fixar população nos territórios do interior”.
“É nesse sentido que, ainda no quadro de reprogramação do Portugal 20/20, propomos um programa de incentivos ao investimento empresarial exclusivamente dirigido aos territórios do interior, para apoiar investimentos de 1700 milhões de euros no período de 2019 a 2021. E porque o apoio ao investimento não pode assentar apenas em atividades vocacionadas para a inovação e a exportação, vamos lançar uma linha de crédito no montante de 100 milhões de euros destinada exclusivamente a pequenas e microempresas situadas no interior para financiamento de projetos de criação, expansão ou modernização de unidades produtivas”, salientou o primeiro-ministro.
Na sua intervenção, António Costa saudou as propostas apresentadas pelo “Movimento pelo Interior” a favor de um novo programa de investimento de médios e longo prazos do Estado em relação às áreas do território com menor densidade populacional.
“Fundamental para a valorização do interior é, também, a reforma da floresta – que lançamos em outubro de 2016 – e que permitirá a execução de medidas há muito aguardadas, como a concretização do cadastro, e a aprovação dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal”, sustentou o primeiro-ministro.
No plano político, António Costa identificou a existência de um consenso a favor do combate às assimetrias territoriais.
“Chegou, pois, o momento de criarmos as condições para que a coesão territorial passe de uma simples ideia a realidade. Sabemos bem que o movimento de abandono do interior tem décadas e que um fenômeno estrutural desta dimensão não se inverte em poucos anos. Mas sabemos também que, nunca como hoje, houve tanto empenho – do Presidente da República, do parlamento, do Governo, das autarquias e da sociedade civil – para assumir a coesão do território como um verdadeiro desígnio nacional“, afirmou.
Em relação à ação do seu Governo neste domínio, António Costa referiu que “logo em dezembro de 2015 foi constituída a Unidade de Missão para a Valorização do Interior, aprovando-se em outubro de 2016 o Programa Nacional de Coesão Territorial, em fase de avaliação com 74% de medidas já executadas”.
“Entre outras medidas, incorporamos nos sistemas de incentivos ao investimento empresarial critérios de discriminação positiva para os territórios de baixa densidade que nos últimos dois anos captaram 1840 milhões de euros de investimento privado, geradores de 8.500 postos de trabalho. Apostamos na atração de investimento estrangeiro, com programas específicos dirigidos ao interior, que já atraíram 375 milhões de euros de investimento”, acrescentou.
Fonte: Mundo Lusíada
Portugal é o 4º país da UE com mais cidadãos ativos deslocados noutro estado-membro
Portugal é o quarto país da União Europeia (UE) com mais cidadãos nacionais em idade ativa a residir num outro estado-membro, segundo um estudo publicado hoje pelo Eurostat.
De acordo com o gabinete de estatística da UE, 13,9% dos portugueses com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos vivia, em 2017, noutro país do espaço comunitário, uma percentagem que supera largamente a média europeia, fixada nos 3,8%.
Neste `ranking`, Portugal é superado apenas por Roménia (19,7%), Lituânia (15%) e Croácia (14%).
Alemanha (1%), Reino Unido (1,1%), Suécia e França (ambos com 1,3%) são os países com menos cidadãos em idade ativa deslocados.
O estudo indica ainda que a percentagem de portugueses em idade ativa a residir noutro país do espaço comunitário cresceu 2,9% entre 2007 e 2017.
Fonte: RPT
Google e Facebook alvo de acções judiciais devido à nova lei de privacidade
O Google e o Facebook serão os primeiros a serem atingidos pelo Regulamento Geral de Protecção de Dados (GDPR) da União Europeia. As tecnológicas já enfrentam acções judiciais de 8,8 mil milhões de dólares.
O Google e o Facebook enfrentam acções judiciais de 8,8 mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros) por alegadamente coagirem os utilizadores a partilhar os seus dados pessoais, isto depois da entrada em vigor do Regulamento Geral de Protecção de Dados (GDPR) da União Europeia, segundo o Tech Times.
A organização europeia de direitos do consumidor Noyb, liderada por Max Schrems, um activista austríaco, deu entrada de quatro processos judiciais contra o sistema operacional Android, do Google, e contra o Facebook, Instagram e WhatsApp, estes propriedade da rede social liderada por Mark Zuckerberg.
Na acção judicial, a organização alegou que as empresas violaram a lei ao forçar os utilizadores a darem o seu consentimento para partilharem as suas informações pessoais, assim como para uso dos seus dados.
"O Facebook até bloqueou as contas dos utilizadores que não deram o seu consentimento. No final, os utilizadores só podiam ou apagar a conta ou clicar no botão "concordar"- isto não é uma escolha livre", afirmou Max Schrems, citado no site Tech Times.
O Regulamento Geral de Protecção de Dados (GDPR) da União Europeia entrou em vigor esta sexta-feira, 25 de Maio. A nova política pretende limitar os poderes das empresas e reforçar os direitos dos cidadãos, que têm de dar consentimento explícito para que os seus dados pessoais sejam usados. A violação desta nova lei pode conduzir a "severas" penalizações, que podem atingir os 20 milhões de euros ou 4% da facturação global de uma empresa, de acordo com a Reuters.
Ambas as tecnológicas já contestaram as acusações e argumentaram que as suas medidas estão de acordo com os requisitos da nova lei da privacidade da União Europeia.
Fonte: Jornal de Negócios
Há cada vez mais portugueses a viver noutros países da União Europeia
Os dados do Eurostat mostram que entre os portugueses que estavam emigrados noutro país da UE, em 2017, apenas 16,1% tinham licenciatura. É a percentagem mais reduzida entre todos os países da União Europeia.
Portugal é um dos países da União Europeia onde uma maior fatia da população vive noutros países da região, sendo que entre os emigrantes nesta situação, são poucos os que têm níveis de qualificação elevados.
As conclusões são do Eurostat e foram publicadas esta segunda-feira, 28 de Maio, pelo gabinete de estatística da Comissão Europeia. No ano passado 3,8% dos cidadãos da União Europeia, com idade entre os 20 e 64 anos, residia noutro estado membro.
Este valor representa um aumento considerável face ao registado há dez anos (2,5% em 2007), mas o aumento em Portugal foi bem mais considerável.
Segundo o Eurostat, 13,9% dos portugueses em idade laboral residia noutros países da UE, bem acima dos 11% de 2007 e 11,4% de 2012.
Portugal tem assim uma das forças de trabalho mais móveis da União Europeia, só superada pela Roménia (19,7%), Lituânia (15%) e Croácia (14%). O aumento nos últimos 10 anos estará relacionado com a crise que se viveu em Portugal depois do pedido de assistência financeira, que provocou um forte aumento do desemprego e levou muitos portugueses a emigrar.
Os dados do Eurostat mostram que foram sobretudo os portugueses de menor qualificação que saíram do país à procura de emprego e melhores condições de vida.
Os dados do Eurostat mostram também que entre os portugueses que estavam emigrados noutro país da UE, em 2017, apenas 16,1% tinham licenciatura. Esta é a percentagem mais reduzida entre todos os países da União Europeia e coloca Portugal no lote de seis países onde este peso é inferior ao registado no país.
Além de Portugal, também na Bulgária, Croácia Letónia, Estónia e Lituânia o peso dos licenciados entre os emigrantes na UE, é inferior ao da população total. Em Portugal, segundo o Eurostat, 23,8% da população tem uma licenciatura.
No topo oposto está a França, onde dois terços dos emigrantes têm licenciatura. Na Irlanda e Finlândia o peso também é superior a 60%.
Morar em Portugal: o novo sonho da classe média brasileira
Com segurança, bons serviços públicos e economia em alta, Portugal atrai mais imigrantes brasileiros com boa renda — de universitários a aposentados
Pelo paço da Universidade de Coimbra, fundada em 1290, passaram reis da primeira dinastia de Portugal e grandes nomes da história do Brasil, como José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência. Hoje, dos mais de 20 000 estudantes de uniformes impecáveis, cobertos por capas pretas, cerca de 10% são brasileiros, o mesmo percentual de todos os demais estrangeiros matriculados – um número que cresceu desde que o Enem passou a ser aceito como vestibular em uma série de universidades do país.
Representantes das classes média ou alta, esses jovens são a cara da nova onda migratória brasileira rumo ao país ibérico. Há espaço para muitos perfis: aposentados, estudantes, investidores de pequena ou de grande monta. Morar em Portugal se tornou um sonho para muitos paulistas, cariocas, pernambucanos, que trabalham em diversas ocupações, da Netflix ao Uber.
É um fluxo semelhante ao que invadiu Miami anos atrás pela porta da frente: imigrantes com documentação legal e, em muitos casos, com dinheiro para comprar imóveis e desfrutar uma boa vida na nova pátria. “Na virada do século a leva de imigrantes era de trabalhadores da construção civil ou no atendimento em restaurantes. Hoje, o perfil educacional é mais elevado”, diz João Peixoto, professor de sociologia e demografia da Universidade de Lisboa.
Tal como ocorreu em Miami, trata-se de um movimento ainda com pouco impacto demográfico sobre o total de brasileiros que vivem no país ibérico. Em 2016, eram cerca de 85?000, ou pouco mais de 21% dos estrangeiros legais no pequeno país de 10 milhões de habitantes. A quantidade, portanto, não é muito expressiva, mas representa um fenômeno do ponto de vista econômico. As remessas feitas do Brasil para Portugal passaram de 55,6 milhões de dólares, em 2014, para 71,1 milhões, em 2016. Isso porque os novos moradores continuam recebendo proventos do Brasil, sejam de empresas, sejam de imóveis ou aposentadoria.
Fonte: Revista Veja
Brasileiros representam 60% dos imigrantes barrados em Portugal
Não é novidade que os brasileiros, neste momento, representam a maioria dos residentes estrangeiros em Portugal, já são inclusive os que mais investem em imóveis em Lisboa e no Porto. No entanto, a nacionalidade também está incluída em dados menos positivos. O Relatório Anual de Segurança Interna 2017, divulgado pelo Sistema de Segurança Interna português recentemente, aponta que 60% dos imigrantes barrados na fronteira são do Brasil.
Entre os principais motivos para o impedimento na entrada, estão a ausência de documentos e comprovações requisitadas, como meios de subsistência durante a estadia, e mentiras contadas aos oficiais da imigração sobre as reais razões da viagem. Ou seja, as autoridades estão cada vez mais atentas à prática bastante comum de entrada no país como turista quando a verdadeira intenção é encontrar um emprego. Por isso, é sempre mais seguro encontrar uma forma de morar legalmente ao invés de arriscar.
A predominância do Brasil nesta situação é tão absoluta que a diferença entre a segunda nacionalidade mais barrada, a angolana, é gritante: os nacionais da Angola representam cerca de 7% dos imigrantes retidos na imigração.
De acordo com o relatório, outro tipo de fraude que também aumentou em relação a 2016, e que também envolve brasileiros, foi o casamento de conveniência. Por ser um país menos exigente no que diz respeito à obtenção da nacionalidade através da união, Portugal desperta o interesse daqueles que buscam uma forma fácil de legalização. A cidadania pode ser atribuída em apenas três anos de matrimônio ou união de fato com um cidadão português.
Todo o contexto de intenso fluxo migratório exerce pressão às fronteiras portuguesas e é provável que a vigilância se torne mais apertada nos próximos tempos. No entanto, o documento estabelece que o foco estará em práticas de imigração ilegal consideradas mais danosas, como as relacionadas com tráfico de pessoas, falsificações de documentos e associação de auxílio à imigração ilegal.
Na hora de entrar em Portugal, o dinheiro dos brasileiros conta
Há mais vistos gold a serem dados a cidadãos brasileiros, mas também crescem as recusas de entrada a quem chega do outro lado do Atlântico sem poder económico
Com o Brasil a passar por dias negros em questões de insegurança económica, financeira e física, as suas classes média e média-alta estão a trocá-lo por Portugal, fixando-se em cidades como Lisboa, Braga, Porto ou Coimbra, onde mais de 10% dos alunos da universidade são brasileiros. Para quem tem dinheiro para investir e vê a vinda para Portugal como um futuro seguro, as portas têm estado mais escancaradas, desde a entrada em vigor dos vistos gold, em outubro de 2012. Depois dos chineses, foi aos cidadãos brasileiros que foram atribuídos mais vistos gold: 493 Autorizações de Residência para Atividade de Investimento até 31 de janeiro de 2018, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Até março do ano passado, o investimento proveniente de cidadãos brasileiros, mais de 127 milhões de euros, aumentou 8% em relação a 2016.
“Hoje quem tem algum dinheiro só quer sair do Brasil, pois quando sai de casa de manhã não sabe se volta à tarde”, alerta Ricardo Amaral, presidente da Associação Brasileira de Portugal. Para o empresário no ramo da segurança, a morar em Portugal há 26 anos e a trabalhar com a Diáspora há cerca de quinze, “a crise e a insegurança disseminaram-se por todo o país”. Para trás ficaram os anos que antecederam os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, responsáveis por gerar um movimento de retorno por parte dos imigrantes brasileiros em Portugal, que viram na organização das Olimpíadas, fosse na construção civil, na hotelaria ou nos serviços, uma janela de oportunidade para recomeçar a vida no seu país. Mas agora com o clima de instabilidade total e de rutura a vários níveis, são muitos os que querem voltar e arranjar emprego por cá, mesmo recebendo o ordenado mínimo nacional (€580) ou menos, como empregados na restauração, nos cabeleireiros, nas limpezas ou a tratar de idosos.
Rico ou pobre? Sempre turista
No Brasil, “os problemas começam nos hospitais, quando estes deixam de atender a população mais desfavorecida, e funcionários públicos, como médicos e polícias deixam de ser pagos, entram em greve e a situação agrava-se, gerando desconforto nas classes mais baixas”, analisa Ricardo Amaral.
Se antes o sul do Brasil era conotado com uma população abastada, onde se vivia em segurança, quase sem desemprego e com baixa criminalidade, hoje compara-se Porto Alegre ao Rio de Janeiro, a nível de criminalidade. “Rouba-se e mata-se por um telemóvel”. Neste retrato do país traçado por Ricardo Amaral, também o centro sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Belo Horizonte) já não é uma região segura.
Sejam ricos, sejam pobres, todos chegam a Portugal com visto de turista, a diferença está na atitude confiante e tranquila com que respondem ao funcionário do SEF na hora de justificar o que vêm fazer a Portugal. “Não diria que o SEF está a bloquear e a deixar entrar menos brasileiros em Portugal. Mas como o número de imigrantes aumentou, aumenta também a probabilidade de as pessoas chegarem à frente das autoridades e escorregarem, dizendo que vêm para ficar e para trabalhar, e o SEF tem de cumprir a lei. Entendo como um comportamento regular e não tenho recebido críticas”.
A nacionalidade brasileira mantém-se como a maior comunidade estrangeira residente (20,4%) em Portugal, segundo o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo, de 2016, o último publicado pelo SEF. São 81 251 pessoas (30 938 homens e 50 313 mulheres), menos 1 338 face a 2015.
Há sete anos que esta redução tem vindo a verificar-se. A tendência de diminuição do número de residentes brasileiros começou já em 2011, com uma redução de 6,6% face a 2010. No período compreendido entre 2010 e 2016 houve um decréscimo de 38 111 cidadãos de nacionalidade brasileira a residir em Portugal (-31,9%).
E quando se fala de processos de permanência ilegal e de recusas de entrada em Portugal, são também os brasileiros a encabeçar as listas. Por permanência ilegal foram instaurados 3420 processos a brasileiros, de um total de cerca de 11 mil. Cerca de 58,5% das recusas de entrada incidiram sobre cidadãos nacionais do Brasil com 968 processos. “Assistiu-se, assim, a um agravamento da pressão migratória em termos de imigração ilegal, relativamente a alguns países tradicionais de imigração (ex: Brasil e Angola), sendo que no caso da nacionalidade brasileira, os valores revelam um aumento de 91,3% relativamente a 2015, representando perto do triplo do ocorrido em 2014 (324). Este facto será potencialmente justificado pela manutenção da crise económica que se verifica no Brasil desde 2014, aliada à agudização da crise política e social ao longo de 2016”, lê-se no relatório.
Fonte: Sapo.pt